Dez maiores farmacêuticas do Brasil detêm 48,6% das vendas

Indústrias do top 10 crescem dois pontos acima da média do mercado e ampliam concentração

As dez maiores farmacêuticas do Brasil cresceram dois pontos percentuais acima da média do setor em 2024, ampliando a concentração de mercado. Juntas, essas empresas movimentaram R$ 111,7 bilhões com vendas para farmácias, o que equivaleu a um avanço de 13,6% sobre 2023. O volume de negócios dos mais de 440 laboratórios em atuação no país teve alta de 11,6%.

De acordo com os dados da Close-Up International, as representantes do top 10 somam 48,6% do montante total de R$ 229 bilhões. Em 2023, perfaziam 47,7% do faturamento geral. A liderança segue nas mãos do Grupo NC, controlador da EMS e que totalizou receita de R$ 26,4 bi. Porém, a companhia teve incremento abaixo de dois dígitos – 9,6%.

A então vice-líder Hypera também teve evolução mais tímida, com alta de 7,3%, e viu a Eurofarma pular para a segunda posição. Esta, por sua vez, foi uma das que apresentou a maior alta em 2024. A receita aumentou 22,4%, abaixo apenas do desempenho do Grupo Cimed e da Novo Nordisk, ambas com percentual de 23,2%.

A concentração de mercado das maiores farmacêuticas do país é um processo histórico na visão do diretor-geral da Close-Up International no Brasil, Christian Becker. “Mas nos últimos anos, o varejo farmacêutico está mirando a expansão de portfólio para turbinar as vendas. As empresas que ocupam a dianteira identificaram que podem proporcionar essa demanda”’, frisa.

A ampliação do sortimento favorece ambos os lados. A indústria ganha competitividade e aumenta seu share, oferecendo também melhores condições de negociação para o varejo. Para as farmácias, a elevação do tíquete médio do consumidor contribui para resultados mais consistentes. ’’A tendência entre laboratórios é aumentar a briga por carteiras de clientes’’, avalia.

Fusões e aquisições na indústria podem alterar cenário

Outro movimento que pode levar a mudanças nesse cenário são as fusões e aquisições que vêm ocorrendo no setor. A mais recente movimentação envolveu a Eurofarma, que comprou 60% de participação na Dermage. Segundo Becker, embora o custo de financiamento no país esteja elevado, operações desse tipo serão cada vez mais frequentes. ‘’É complementação de portfólio com empresas crescendo em determinados nichos’’, frisa.

A busca por diversificação de itens nas gôndolas é verificada em todos os grandes players da indústria. “O lançamento de um medicamento exclusivo, como fez a Novo Nordisk com o Ozempic, acaba criando uma reserva de mercado, seja pela questão da patente, seja pela complexidade de produção do fármaco’’, pontua.

Farmácia Popular impulsiona fabricantes de medicamentos

As medidas governamentais em relação ao Programa Farmácia Popular, que ampliou as categorias de medicamentos de distribuição gratuita nos PDVs, foi outro fator que deu impulso a alguns laboratórios. “Em situação parecida estão os fabricantes de genéricos, mais baratos, mas que ainda entregam uma boa margem ao varejo’ e para os quais parte da população vem dando preferência”, acrescenta.

O advento de nichos como nutracêuticos, fitoterápicos, suplementos e vitaminas contribui para dar mais vigor à corrida pela atenção do shopper. Adicionalmente, indústrias de itens de consumo, cujos produtos eram mais direcionados a supermercados, já respondem por 32% das vendas totais em farmácias. Entre elas, Coca-Cola, Unilever e Procter & Gamble.

Decisões de investimentos seguem dinâmica do varejo farma

O consultor independente Cesar Bentim destaca que oito dos dez laboratórios da listagem são nacionais. “Além disso, as farmacêuticas que avançam a dois dígitos estão fazendo um bom trabalho de conjugação da inteligência competitiva e gestão acurada do portfólio, com aposta em medicamentos e produtos inovadores’’, ressalta.

Sobre a troca de posições no ranking, Bentim evita fazer análises generalizadas. “A Cimed, por exemplo, tomou a quinta colocação do Aché, mas as companhias não disputam o mesmo nicho. Na primeira, o forte são os não medicamentos, como a linha Carmed, de hidratantes e protetores labiais. Já no Aché, 80% dos itens são de prescrição médica”, observa.
Para o especialista, no entanto, a tendência futura é que alguns players do grupo de elite desacelerem, enquanto outras empresas de fora do top 10 ganhem espaço. Ele atenta especialmente para os avanços da Sandoz e da Geolab, respectivamente de 20,7% e 17,7%.

Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/dez-maiores-farmaceuticas-do-brasil-detem-486-das-vendas/

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