Entenda como foi o impacto nas redes localizadas nos litorais de São Paulo e do Paraná
O surto de virose que atinge os litorais paulista e paranaense desde dezembro gerou uma explosão na demanda por medicamentos e produtos para tratar a gastroenterite e amenizar seus sintomas.
A elevação do fluxo nas farmácias foi tamanha a ponto de o Procon de São Paulo enviar um pedido formal para a Abrafarma. O órgão solicitou à entidade que fizesse um apelo às grandes redes para que estas aumentassem com urgência seus estoques, especialmente de água, bebidas isotônicas e medicamentos, nas cidades atingidas.
A redação do Panorama Farmacêutico entrou em contato com redes que atuam nos municípios com incidência de casos para verificar a força-tarefa que elas estão empreendendo.
A RD Saúde, dona das bandeiras Raia e Drogasil, informou que nas farmácias do litoral paulista registraram aumento de 65% na venda de remédios para vômitos e diarreia e de 58% nos produtos para recompor a hidratação – a análise compara os últimos 30 dias até 15 de janeiro deste ano com o período anterior. No estado do Paraná, considerando o mesmo intervalo, o crescimento nas vendas foi de 43% para as categorias de digestivos para viroses e de 29% para as categorias de produtos de hidratação.
“Quanto ao abastecimento, faltaram produtos em algumas farmácias no pico das viroses e todos os esforços foram feitos para repor rapidamente os estoques. A situação foi normalizada”, afirma a rede, em nota oficial.
Também por meio de nota, as Farmácias Pague Menos informaram que “até o momento, a rede mantém estoque em suas lojas e está em frequente contato com cada uma das unidades para que, se necessário, haja um reforço no estoque de produtos, de forma que a população não seja impactada”.
O Grupo DPSP, das Drogarias Pacheco e Drogaria São Paulo, disse que “o aumento da procura por itens para tratar o surto de virose foi notável, principalmente na categoria de reidratação, que cresceu 102% em valor no período. Já produtos para reposição de flora cresceram 58% e probióticos 20%”. Para evitar rupturas, a companhia fez um incremento dos itens mais demandados para as lojas.
Já a Farma Conde contabilizou uma procura expressiva por medicamentos para alívio de sintomas como náuseas, vômitos e problemas intestinais. Em algumas unidades, especialmente nas regiões mais frequentadas por turistas, o movimento quadruplicou em comparação aos meses anteriores.
“Estamos atentos às necessidades de nossos clientes e reforçamos nossos estoques com produtos como sais de reidratação oral, medicamentos para controle de náuseas, probióticos e analgésicos”, afirma Cláudia Conde, farmacêutica e fundadora da rede. Para atender à alta demanda, as unidades estão sendo abastecidas diariamente.
Farmácias em cidades como Guarujá, Ubatuba, Caraguatatuba, Santos e Praia Grande registraram os maiores aumentos na procura por medicamentos voltados a combater os sintomas das viroses. “A grande procura começou após o dia 1º de janeiro. Desde então, observamos um aumento significativo no número de clientes. De cada três atendimentos, dois são de pessoas com sintomas de virose em busca de medicamentos específicos”, relata Murilo dos Santos, gerente regional e farmacêutico da Farma Conde na Baixada Santista.
Surto de virose também atinge o litoral do Paraná
Os impactos do surto de virose estenderam-se à região de Londrina (PR), base das operações das Farmácias Vale Verde. “No caso dos reidratantes e probióticos, a venda entre dezembro e janeiro cresceu mais de 146%. A procura por isotônicos e água de coco avançou mais de 60% nesse mesmo período”, declara a gerente de serviços clínicos Jéssica Bazana.
As distribuidoras também não vêm poupando esforços para manter os estoques normalizados, como é o caso da Medchap, que atende mais de 9 mil farmácias nos estados de Santa Catarina e Paraná. “Sabemos que a aglomeração de pessoas na temporada de verão, especialmente em destinos de praia, favorece a eclosão de surtos. Por isso, já temos como premissa ampliar o abastecimento de produtos nessas ocasiões, tanto que não tivemos relatos de problemas com reposição no PDV até o presente momento”, afirma o CEO Neri Faé.
O culpado é o norovírus
Amostras humanas de fezes coletadas nas cidades paulistas de Praia Grande e Guarujá, pelo Instituto Adolfo Lutz, confirmaram que o surto foi provocado por norovírus. No Paraná, amostras coletadas na cidade de Guaratuba, no litoral, e enviadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen) pela vigilância sanitária municipal, também confirmaram a presença do mesmo agente infeccioso. O resultado saiu nesta quinta-feira, dia 16.
Desde dezembro, turistas e moradores de cidades do litoral paranaense, principalmente em Matinhos, Pontal do Paraná e Guaratuba, vêm reclamando do aumento de casos de virose, em especial após as festas de final de ano.
O norovírus causa gastroenterite, provocando sintomas como vômito, diarreia, dor abdominal e febre. “Ele tem alta capacidade infecciosa e pode ser transmitido pelo consumo de alimentos e água contaminada, além do contato com pessoas acometidas pelo vírus”, explica Simone Sayuri Kushida, gerente médica da Neo Química.
Segundo ela, é essencial se prevenir e cuidar da saúde intestinal para garantir o bem-estar e disposição durante as férias, temporadas na praia e atividades ao ar livre. “Os probióticos, conhecidos como “bactérias boas”, ajudam a manter o equilíbrio da flora intestinal, melhoram a digestão e fortalecem o sistema imunológico”, finaliza a médica
Fonte: https://panoramafarmaceutico.com.br/surto-de-virose-faz-explodir-demanda/