Entre esses, 77% ainda não definiram estratégias para crescer, o que evidencia uma dificuldade de transformar desafios em oportunidades
O Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa (IFEPEC) lançou o estudo “Visão 360º do mercado farmacêutico no Brasil – Um mapeamento das expectativas através dos seus principais agentes”, que oferece um panorama detalhado sobre percepções, expectativas e estratégias dos diferentes elos do setor farmacêutico, incluindo indústria, distribuidores, médicos, propagandistas, consumidores e farmácias.
“Compreender como cada agente enxerga o mercado é essencial para decisões estratégicas mais conscientes. Este estudo busca documentar o que realmente acontece dentro do ecossistema farmacêutico e apoiar a tomada de decisões, especialmente para as farmácias independentes”, afirma Edison Tamascia, presidente da Febrafar.
O olhar sobre as farmácias independentes
No capítulo dedicado às farmácias, participaram 2.200 proprietários de lojas não vinculadas à Abrafarma, distribuídos por todas as regiões do país. As entrevistas foram conduzidas por alunos de mestrado e doutorado, sob supervisão de professores, seguindo rigor metodológico que incluiu entrevistas presenciais, individuais e exploratórias, garantindo anonimato e foco na compreensão de desafios, percepções e estratégias de gestão.
Entre os principais resultados:
Evolução do lucro (2020–2024):
- 19% afirmaram que o lucro reduziu muito;
- 37% reduziram pouco;
- 34% relataram estagnação;
- Apenas 10% tiveram crescimento (8% pouco, 2% muito).
- (Considerando inflação acumulada de 35,3%)
Principais obstáculos para desempenho:
- 42% apontaram aumento da concorrência;
- 21% dificuldades de fluxo de caixa;
- 15% aumento de custos;
- 14% redução das margens de lucro.
Dificuldades futuras previstas:
- 52% esperam aumento da concorrência;
- 21% apontam redução de margens;
- 14% redução de descontos;
- 12% dificuldades na contratação de funcionários.
Estratégias para manter competitividade:
- 47% ainda não definiram estratégia;
- 14% planejam “comprar melhor”;
- 11% reduzir custos;
- 9% ampliar delivery;
- 7% reformar a loja ou melhorar o mix de produtos.
Uso de programas de fidelidade:
- Apenas 8% utilizam o cadastro de clientes para aumentar vendas, enquanto 92%, dos que usam, utilizam apenas para descontos.
Mudanças nas compras e parcerias:
- 93% planejam aumentar uso de canais digitais;
- 8% buscam mais parcerias;
- Relações comerciais com fornecedores mostram que 41% mantêm parcerias baseadas em relações “Ganha-Ganha”.
Percepção sobre comportamento do consumidor:
- 15% acreditam que clientes serão mais exigentes;
- 27% que comprarão mais de forma não presencial;
- 29% farão mais comparações de preços;
- 46% não esperam mudanças significativas.
Principais conclusões
O estudo indica que 46% das farmácias tiveram lucro reduzido nos últimos quatro anos, principalmente devido à concorrência e ao fluxo de caixa. Entre esses, 77% ainda não definiram estratégias para crescer, o que evidencia uma dificuldade de transformar desafios em oportunidades. Por outro lado, 54% das farmácias com resultados positivos têm potencial para ampliar competitividade e ganhar participação de mercado.
“Este material é extremamente relevante porque mostra não apenas os desafios, mas também onde estão as oportunidades para farmácias independentes. Entender essas percepções permite que o setor planeje ações mais estratégicas e assertivas”, reforça Edison Tamascia.
