Desvios de temperatura no transporte refrigerado podem comprometer as propriedades dos fármacos, resultando em perdas significativas
O transporte refrigerado de fármacos desempenha um papel crucial na preservação da eficácia e segurança dos medicamentos, especialmente em tempos de avanços significativos na saúde, como a vacinação contra a Covid-19, durante a pandemia. No Brasil, o mercado de transporte refrigerado tem mostrado crescimento expressivo nos últimos anos, impulsionado pela demanda crescente por serviços que garantam a integridade de produtos farmacêuticos.
Nesse sentido, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) monitora rigorosamente o cumprimento das normas estabelecidas aos serviços que envolvam a indústria farmacêutica. Exemplo disso, é a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 653/2022 que, recentemente, passou a vigorar no país. Atualização da norma RDC 430/2020, ela traz uma série de requisitos rigorosos e amplia as exigências para o transporte e armazenamento de medicamentos, além de incorporar sistemas avançados de monitoramento de temperatura e umidade.
De acordo com Marcel Souza, especialista de produto da Thermo King LATAM, líder em soluções de controle de temperatura para transporte, a nova norma intensifica a qualificação e validação de processos e equipamentos, assim como a exigência de treinamento contínuo dos profissionais que atuam na logística de medicamentos.
“Muitas pessoas ainda desconhecem a complexidade da logística de medicamentos. Para se ter uma ideia, a maioria dos produtos farmacêuticos precisa ser mantida entre 2ºC e 8ºC durante todo o processo de transporte, pois qualquer desvio dessa faixa pode comprometer as propriedades dos fármacos, resultando em perdas significativas”, afirma Claudio Biscola, gerente de vendas da Thermo King Brasil
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Os produtos nessa faixa de temperatura são conhecidos como termolábeis e fazem parte desse grupo as vacinas, insulinas, compostos biológicos e imunobiológicos, onde há rigorosidade na validação das rotas. Já os termoestáveis necessitam de um ambiente com temperaturas entre 15ºC e 30ºC. “Em ambas as situações, a indústria farmacêutica determina o Manual Operacional para mapeamento e validação da rota, em que cada placa do conjunto frigorífico deve ser certificada para realizar as respectivas rotas”, completa Biscola.
Boas práticas do transporte refrigerado
De acordo com Biscola, a RDC 430 estabelece requisitos para boas práticas de transporte de medicamentos e é um marco regulatório importante. Em vigor desde 16 de março de 2021, a norma impõe às empresas do setor a adaptação a novos padrões até o fim de 2024, visando assegurar a integridade dos produtos sensíveis à temperatura.
Para garantir o transporte seguro e eficiente, a Thermo King destaca algumas práticas essenciais, alinhadas às normas da Anvisa:
Fluxo de ar: manter um fluxo de ar contínuo dentro do baú frigorífico é crucial para assegurar a temperatura ideal em toda a carga. O uso de dutos de ar, quando dimensionados corretamente, pode melhorar a distribuição do ar e evitar a formação de pontos quentes ou frios. Espaçamento correto na carga: é fundamental manter o espaçamento adequado ao redor e através da carga, permitindo que o ar refrigerado circule livremente e garanta uma temperatura uniforme em toda a carga. Prevenção de obstruções: problemas durante o transporte frequentemente ocorrem devido à obstrução do fluxo de ar. Evitar o contato das mercadorias com as paredes do baú e não ultrapassar a altura limite de carga são medidas preventivas essenciais. Pré-resfriamento do baú: Antes do carregamento, o baú deve ser pré-resfriado para remover o calor interno. Durante o processo de carga, o equipamento de refrigeração deve permanecer desligado para evitar a entrada de calor e umidade.
Embora ainda não exista uma qualificação nacional específica para a cadeia do frio, a Thermo King segue rigorosamente a RDC 653 e as melhores práticas internacionais para o transporte de produtos refrigerados. Segundo Marcel Souza, todos os equipamentos da empresa atendem às exigências da norma, destacando-se os modelos V-500X, T-800, T-890 e A500 como os mais populares para a logística de medicamentos, atendendo tanto veículos leves quanto caminhões.
“A aderência a esses padrões e a escolha de soluções de refrigeração confiáveis são fundamentais para garantir que os medicamentos cheguem ao destino final em perfeitas condições, preservando a saúde e a vida dos pacientes”, finaliza Souza.
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MONICA PILEGGI