Bernardo Craveiro diretor de Farma na Linx (Foto:Linx)
“Não basta vender medicamentos, é preciso cuidar de pessoas com inteligência, empatia e propósito”.
A convite da Farmarcas, uma das maiores redes associativas do Brasil, estive no México para conhecer a estrutura e os movimentos do varejo farmacêutico local, um setor diverso, em plena transformação digital e referência em inovação. Encontrei um mercado em ebulição, estimado em cerca de US$29 bilhões em 2024, com projeções de crescimento estáveis. O país abriga mais de 46 mil farmácias entre grandes redes, lojas independentes e formatos de desconto, o que torna o ambiente altamente competitivo e multifacetado. Cinco redes concentram mais de 50% do setor e todas têm um ponto em comum: uso intensivo de tecnologia para gestão, expansão e fidelização.
Segundo maior mercado farmacêutico da América Latina, atrás apenas do Brasil, o México enfrenta desafios estruturais: 86% da população depende do sistema público, marcado por longas filas. Isso faz das farmácias privadas o principal ponto de acesso à saúde para milhões de pessoas, oferecendo medicamentos e consultas médicas básicas. Hoje, há cerca de 16 a 18 mil consultórios anexos às farmácias no país, que atendem entre 25 e 45 pacientes por dia. Estima-se que 90% das consultas anuais no setor privado ocorram nesses espaços.
Um destaque é a Farmácias Similares, segunda maior rede do mundo, que combina farmácia e consultório médico, com foco em genéricos e atendimento popular. Além da dimensão comercial, a rede construiu um forte vínculo social e cultural com as comunidades locais. O conceito de proximidade, propósito e farmácia como espaço de cuidado, ainda tem muito a inspirar o varejo brasileiro.
O México também avança em prescrição eletrônica, e-commerce e telefarmácia. Receitas digitais somadas ao acesso móvel conecta médicos, farmácias e pacientes em uma única jornada, criando uma operação omnicanal, em que o cliente transita naturalmente entre o online e o físico, tornando a experiência do paciente o verdadeiro diferencial competitivo.
No Brasil, esse movimento caminha na mesma direção. Consumidores buscam conveniência, agilidade e personalização. Soluções de gestão, integração e omnicanalidade se tornam fundamentais para conectar operação, estoque e atendimento em uma jornada fluida e digital.
Do México levo três aprendizados principais: conveniência em criar hubs de saúde que reúnem serviços médicos, medicamentos e itens de bem-estar; integração entre receita digital, compra online e retirada física; e visibilidade de estoque e controle operacional como diferenciais que garantem margem e previsibilidade.
É possível combinar escala, propósito e inovação através da transformação digital junto à humanização do atendimento. A lição mais valiosa é simples: não basta vender medicamentos, é preciso cuidar de pessoas com inteligência, empatia e propósito. Essa é a verdadeira receita para o futuro do varejo farmacêutico.
Fonte: https://guiadafarmacia.com.br/do-mexico-ao-brasil-a-receita-para-o-futuro-do-varejo-farmaceutico/
