Segmento de prescrição se destaca e o principal driver de crescimento é o mercado de diabetes/obesidade
O varejo farmacêutico brasileiro deve manter sua trajetória de expansão nos próximos anos. De acordo com as projeções do Close-Up International, o crescimento em volume deve atingir 4,8%, entre 2025 e 2026, e 4,9%, de 2026 para 2027.
Mas é no faturamento (considerando preços ao consumidor) que o impulso será mais expressivo: o mercado deve registrar alta de 8,5% ao ano até 2027.

Nesse cenário, o segmento de prescrição se destaca e o principal driver de crescimento é o mercado de diabetes/obesidade, com a chegada de novos medicamentos e genéricos dos análogos de GLP-1, as populares canetas emagrecedoras.
“O mercado de GLP-1 ficou muito concentrado nas grandes ciências e não expandia para o mercado da distribuição tradicional para chegar nas 95 mil farmácias do Brasil. Com os novos produtos, isso é possível, porque teremos uma situação de preço diferente do que vimos até agora”, disse o vice-presidente Latam do Close-Up International, Paulo Paiva, durante o evento “Outlook 2025”, realizado pela consultoria em outubro, em São Paulo (SP) e que o Guia da Farmácia acompanhou.

Outro desafio está na capacidade produtiva. Segundo Paiva, o mercado pode não conseguir atender, de imediato, a alta demanda prevista, já que a produção atual das canetas emagrecedoras é limitada, inclusive com falta de produtos nas farmácias, a exemplo da tirzepatida.
Crescimento dos medicamentos de prescrição
De acordo com o Close-Up, o mercado de prescrição é formado por medicamentos:
- genéricos;
- exclusivos (sem concorrentes no mercado, não necessariamente com patente)
- medicamentos de marca (produto farmacêutico com promoção médica para a geração de demanda, mas com faixa de desconto inferior a 50%)
- trade (focado em descontos agressivos e preços baixos)
O mercado de prescrição deve registrar um crescimento anual de 7% em valor até 2027. Apesar do avanço, o ritmo de expansão em unidades desacelera: após alta de 6,3%, entre 2024 e 2025, a taxa cai para 3,1%, em 2026 e 2027.
Os dados do Close-Up também indicam que o medicamento trade perde espaço à medida que o genérico cresce. “O genérico deixa melhor margem para farmácia e atende o paciente do ponto de vista de preço. Então, temos visto o produto trade, que trabalha com descontos muito agressivos, diminuindo a participação no mercado”, explicou Paiva.
Outro ponto de destaque é que o crescimento dos produtos de alto valor agregado, tanto em volume quanto em faturamento, tende a reduzir o espaço e a capacidade de compra dos itens de menor valor.
Segundo Paiva, o avanço das novas terapias, especialmente os tratamentos de diabetes e obesidade com GLP-1, deve substituir parte do consumo de medicamentos como bupropiona, metformina e naltrexona.
Com essa transformação acelerada do mercado, as farmácias de menor porte precisam se preparar para aproveitar as oportunidades. “Se essa onda de benefícios não for bem trabalhada, pode se transformar em um naufrágio”, alerta Paiva.
“A farmácia pode achar que tem espaço para apostar em produtos de alto giro no balcão, mas, se não ajustar o sortimento e retirar itens que perderam demanda com a migração de pacientes para novas terapias, corre o risco de ter produtos encalhados e perda de rentabilidade.”
Mercado de OTC com tendência de queda
Já o mercado de OTC deve se manter estável, porém com uma tendência de retração. A projeção de crescimento de 19%, em 2026, cai para 18%, em 2027.
“Um ponto percentual pode parecer pouco, mas a gente está falando de um mercado bastante representativo do ponto de vista de oportunidades”, disse Paiva.
Segundo ele, é importante entender as causas reais das dificuldades enfrentadas – principalmente durante a sazonalidade de inverno, de abril a setembro –, em relação às classes terapêuticas de OTC.
“Uma suposição que ouvimos de infectologistas é que as enfermidades estão se manifestando de forma mais grave pela falta de prevenção e baixa cobertura vacinal. Então, se isso continuar, a venda de OTC vai diminuir, e a venda de antibióticos e anti-inflamatórios, que, em tese, tinham um consumo agudo, deve ganhar maior presença nessa sazonalidade de seis meses”, analisou o executivo.
Não-medicamento é desafio para pequenas farmácias
No segmento de não-medicamentos, a expectativa é de crescimento de 29% em valor para os próximos anos, mantendo a média dos anos anteriores.
“O não-medicamento já tem um espaço consolidado nas pequenas, médias e grandes redes, mas traz um desafio para as farmácias independentes do ponto de vista de margem. Quanto mais o não-medicamento cresce, menos margem ele entrega”, afirmou Paiva.
Essa categoria tem o poder de atrair pacientes e gerar tráfego, mas a farmácia de menor porte precisa ter cuidado: se o não-medicamento ocupar o espaço de OTCs e medicamentos, o resultado financeiro pode ser menor.
Por isso, é preciso olhar os dados com atenção para verificar se a sua farmácia tem o perfil para investir pesado nessa categoria.
Foto: Shutterstock/Guia da Farmácia
Fonte: https://guiadafarmacia.com.br/faturamento-das-farmacias-deve-subir-85-ao-ano-ate-2027/
