As áreas de Compliance (73%), Recursos Humanos (72%) e Jurídico (65%) despontam como aquelas em que as mulheres mais se destacam
Nos últimos anos, a indústria farmacêutica tem demonstrado avanços notáveis na presença feminina em cargos de liderança. O mais recente levantamento do Sindusfarma, em parceria com a LeaderShe, revela que 43% das posições de alta liderança (diretoria, vice-presidência e presidência) são hoje ocupadas por mulheres, um crescimento de 8% em relação a 2024. É um marco que reforça o protagonismo feminino em um dos setores mais estratégicos para o desenvolvimento do país.
Quando observamos os cargos gerenciais e de coordenação, a representatividade feminina sobe ainda mais: 47% e 51%, respectivamente. As áreas de Compliance (73%), Recursos Humanos (72%) e Jurídico (65%) despontam como aquelas em que as mulheres mais se destacam, liderando com empatia, propósito e ética. Ainda assim, desafios permanecem em funções tradicionalmente dominadas por homens, como Tecnologia (22%), Presidência (24%) e Financeiro (30%).
Como executiva e mulher que trilhou esse caminho na indústria farmacêutica, vejo de perto o poder transformador da diversidade na liderança. Quando mulheres ocupam espaços decisórios, há um impacto direto não apenas nas estratégias de negócios, mas também na cultura organizacional. O olhar feminino tende a conectar performance a propósito, resultado a responsabilidade, inovação a empatia. E é exatamente essa combinação que o mundo corporativo mais precisa.
Diversos estudos confirmam que a diversidade não é apenas uma pauta de inclusão — é uma alavanca de resultados. A consultoria BCG aponta que empresas com liderança diversificada têm 19% mais receita oriunda de inovação. Já a McKinsey mostra que companhias com equilíbrio de gênero na alta gestão têm 25% mais chances de superar a média do mercado em desempenho financeiro.
Mas os números, embora animadores, não contam toda a história. Ainda enfrentamos lacunas significativas de inclusão real: mulheres negras, profissionais com deficiência e mulheres 50+ continuam sub-representadas em posições estratégicas. Além disso, menos de 30% das empresas possuem indicadores robustos para medir o impacto de suas ações de diversidade e inclusão — o que evidencia a necessidade de transformar discurso em prática, e prática em resultados.
Na indústria farmacêutica, um setor em que a missão é literalmente cuidar de vidas, o avanço feminino ganha uma dimensão ainda mais simbólica. Liderar, aqui, é um ato de compromisso com o humano. É garantir que ciência, ética e empatia caminhem juntas, dentro e fora dos laboratórios.
O próximo passo é consolidar essa presença feminina de forma sustentável, com políticas consistentes de equidade salarial, programas de mentoria, incentivo à liderança de mulheres em áreas técnicas e tecnológicas, e a inclusão plena da diversidade interseccional.
A presença da mulher na liderança não é apenas uma conquista individual. É a prova de que quando diferentes vozes ocupam a mesa de decisão, a empresa, o setor e a sociedade inteira ganham mais força, inovação e humanidade.
*Roberta Carvalho Carlini
Diretora de Recursos Humanos, Jurídico, ESG e Comunicação Corporativa na MedQuímica
Fonte: Assessoria MedQuímica
