A Black Friday de 2025 promete ser uma das mais competitivas da história do varejo brasileiro. O avanço das tecnologias de precificação, a inteligência artificial generativa e o comportamento cada vez mais racional dos consumidores impõem um novo desafio: não basta vender muito, é preciso vender melhor.
Durante anos, o sucesso da data foi medido pelo volume de vendas. No entanto, o cenário atual exige um olhar mais sofisticado sobre a gestão do negócio. O varejo farmacêutico precisa migrar de uma lógica de margem por canal para uma visão de margem por cliente. Isso significa avaliar o valor que cada consumidor representa ao longo do tempo — o chamado lifetime value — e não apenas o resultado imediato de uma única transação.
Em muitos casos, pode ser vantajoso sacrificar parte da margem durante a Black Friday para conquistar um cliente que retornará diversas vezes ao longo do ano. A data pode (e deve) ser usada como porta de entrada para a fidelização, especialmente quando apoiada por dados e tecnologia.
A inteligência artificial desempenha papel decisivo nesse movimento. Ao automatizar processos como precificação, reposição de estoque e recomendações personalizadas, ela permite identificar oportunidades e equilibrar volume e rentabilidade com muito mais precisão. A Amazon, por exemplo, já utiliza sistemas inteligentes para ajustar preços e realizar pedidos de forma autônoma, liberando os gestores para decisões mais estratégicas, como negociar verbas e planejar campanhas.
Mas a tecnologia, por si só, não é suficiente. O diferencial está em combinar inteligência artificial e inteligência humana para tomar decisões mais assertivas e construir relações de longo prazo. O varejista que entende o comportamento do seu público, personaliza ofertas e entrega uma boa experiência pós-venda está, na prática, aumentando sua margem futura — mesmo que isso ainda não apareça no resultado imediato da Black Friday.
A data, portanto, precisa ser encarada não como um evento isolado, mas como parte de uma estratégia contínua de relacionamento e rentabilidade. Quem continuar medindo sucesso apenas pelos picos de faturamento corre o risco de perder competitividade.
Na Black Friday de 2025, o verdadeiro ganho não estará nas vendas do grande dia, mas na fidelização inteligente dos clientes conquistados. Margem e rentabilidade tornam-se consequência direta de uma operação mais integrada, analítica e orientada ao longo prazo — e é nesse equilíbrio que o varejo encontrará seu futuro sustentável.
Fonte: https://revistadafarmacia.com.br/gestao/fidelizacao-o-verdadeiro-desafio-da-black-friday-2025/
Legenda: Pedro Henrique Almeida, diretor-executivo de Negócios Digitais da TOTVS
