Até 2027, a indústria farmacêutica brasileira deve registrar um crescimento superior a 30%, segundo pesquisa
O setor farmacêutico brasileiro movimentou cerca de R$ 190 bilhões em vendas no ano passado, conforme informações da Redirection International. A projeção é de que essa indústria registre um crescimento superior a 30% até 2027, com uma taxa média anual de 8%, impulsionando o aumento de aquisições e fusões de empresas.
Entre os fatores apontados como impulsionadores desse setor estão o crescimento dos investimentos públicos, como a reestruturação do Programa Farmácia Popular, o aumento das vendas on-line e a expansão de políticas públicas que visam fortalecer a produção nacional de medicamentos.
O economista e sócio da Redirection International, Gabriel Loest Cardoso, acredita que a maior conscientização da população sobre a importância de uma vida saudável e a tendência de envelhecimento da população também motivam o desenvolvimento de novos produtos. Ele ressalta que os produtos farmacêuticos compõem quase 7% do consumo de bens pelas famílias brasileiras.
De acordo com a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), o Brasil é o maior mercado farmacêutico da América Latina, com 50,7% de participação, seguido pelo México (20,7%) e pela Argentina (10,4%). O segmento de varejo na região movimentou US$ 68 bilhões, um crescimento de 12,7% em julho deste ano, comparado aos doze meses anteriores.
Medicamentos usados pelos brasileiros
A venda de medicamentos estabilizadores do humor e antidepressivos está em expansão no país, conforme aponta o levantamento do Conselho Federal de Farmácia (CFF), com dados da consultoria IQVIA. Entre 2022 e 2023, o crescimento foi de 11%. Já entre janeiro e maio de 2024, o aumento foi de 8% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Além do crescimento no mercado de medicamentos convencionais, o segmento de cannabis medicinal tem se destacado no Brasil. Em 2023, a comercialização desses produtos mais do que dobrou, com um aumento de 127% em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Canabinoides (BRCann).
A diretora executiva da BRCann, Bruna Rocha, aponta que a diversificação da oferta de produtos regularizados impacta os preços dos produtos de cannabis. Ela explica que, em 2023, o custo médio atingiu R$ 403, uma redução de cerca de 40% em relação à média dos últimos três anos, o que facilita o acesso e estimula pacientes que antes importavam a adquirir produtos no mercado local.
Genéricos em alta
Os medicamentos genéricos continuam a expandir sua participação no mercado farmacêutico brasileiro. Em 2023, o país registrou a venda de 2 bilhões de unidades de medicamentos do tipo, com um crescimento anual de 5% nos últimos cinco anos, segundo dados da PróGenéricos.
A chegada de novos genéricos, como o do anticoagulante Xarelto, composto por rivaroxabana, tem aumentado o acesso da população a tratamentos mais acessíveis, com preços até 35% menores em comparação com os medicamentos de referência, conforme informa a EMS.
O uso do Xarelto é recomendado para a prevenção de trombose, embolia e acidente cardiovascular (AVC). O diretor-executivo de Genéricos da EMS, Cauê Nascimento, explica que o preço inferior do genérico não afeta a qualidade, pois são realizados testes que garantem a mesma absorção e eficácia que os remédios de referência.
Esses testes envolvem a avaliação de equivalência farmacêutica, que verifica a composição do medicamento, e de bioequivalência, que assegura a eficiência da absorção no organismo.
Tecnologias impactam o setor
As inovações tecnológicas, os avanços em saúde digital e os cuidados personalizados devem trazer impactos positivos para a indústria farmacêutica e otimizar a cadeia de abastecimento de produtos, de acordo com o economista e sócio da Redirection International, Gabriel Loest Cardoso.
A Abradilan destaca que, entre as tecnologias promissoras para o setor, estão a Inteligência Artificial (IA), que ajuda na condução de pesquisas, análises preditivas e mitigação de riscos logísticos, e a Internet das Coisas (IoT), auxiliando na integração da cadeia de produção e no atendimento e suprimento das demandas crescentes em alta escala.
Além disso, o Big Data possibilita reunir uma grande quantidade de dados dos consumidores, incluindo aspectos geográficos e regionais, bem como a elaboração de pesquisas sobre concorrência e hábitos comportamentais.