48% dos adultos brasileiros serão obesos até 2044, enquanto 27% terão sobrepeso
Dados do painel da Obesidade do Ministério da Saúde mostram que a obesidade tem avançado rapidamente entre adultos no país. Em 2006, 11,8% da população nessa faixa etária vivia com a doença. Em 2023, o índice chegou a 24,3%. Projeções do Atlas Mundial da Obesidade apontam que, mantida a tendência, 48% dos adultos brasileiros serão obesos até 2044, enquanto 27% terão sobrepeso.
A escalada reflete o entendimento atual de que a obesidade é uma doença crônica, sistêmica e multifatorial. A condição deixou de ser associada apenas ao peso e passou a ser definida pelo excesso de adiposidade capaz de alterar o funcionamento de órgãos e tecidos ou limitar atividades cotidianas. Mesmo antes da manifestação de sintomas, especialistas já consideram a existência da obesidade pré-clínica, estágio inicial de acúmulo de gordura sem sinais evidentes de comprometimento.
Para o Dr. Raul Queiroz, médico da Família e Comunidade do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”, essa mudança de compreensão é fundamental. “A obesidade não é só uma questão de peso. É uma condição que afeta o corpo como um todo e precisa ser vista como doença crônica”. Ele explica que o IMC continua útil como triagem, mas tem limitações importantes. “O IMC pode superestimar ou subestimar casos. Por isso precisamos olhar circunferência abdominal, relação cintura-quadril e, quando possível, usar bioimpedância”.
O médico pontua que o crescimento da obesidade no país resulta de um cenário amplo, marcado por consumo elevado de ultraprocessados, redução da atividade física, longas jornadas de trabalho, transporte motorizado e desigualdade socioeconômica. Estresse, privação de sono e fatores emocionais completam o quadro. “Vivemos em um ambiente que favorece o ganho de peso. É um contexto obesogênico, que combina falta de tempo, má alimentação e pouco acesso a espaços de lazer”.
Prevenção
Para o especialista, a prevenção precisa ser contínua e adaptada a cada fase da vida. Ele destaca alimentação baseada em produtos in natura, prática regular de atividade física, controle do estresse e sono adequado como pilares.
Em adultos, recomenda-se ao menos 150 minutos semanais de exercícios moderados ou 75 minutos de atividades vigorosas. Em crianças, redução do tempo de tela e estímulo a brincadeiras ativas são fundamentais. Acompanhamento desde a infância, com monitoramento regular do peso e da composição corporal, ajuda a evitar o avanço para a obesidade clínica.
A adoção desses hábitos reduz de forma significativa o risco de uma série de complicações associadas ao excesso de adiposidade, como hipertrofia ventricular esquerda, esteatose hepática, apneia obstrutiva do sono, insuficiência renal, hiperandrogenismo, síndrome dos ovários policísticos, hipogonadismo masculino, dores articulares crônicas, limitações funcionais, diabetes tipo 2, hipertensão, AVC, infarto, síndrome metabólica e dislipidemias. “Prevenir a obesidade é preservar a função dos órgãos e garantir longevidade com qualidade de vida”, afirma o médico.
Dr. Raul também enfatiza a bioimpedância como ferramenta fundamental na abordagem moderna da doença. O método permite estimar com mais precisão a proporção de massa magra, gordura e água corporal, detectando mudanças sutis mesmo quando o peso total permanece estável.
Essa precisão auxilia na personalização de planos alimentares e treinos, e ajuda a avaliar riscos como obesidade sarcopênica, condição clínica que combina o excesso de gordura corporal e perda de massa e função muscular simultaneamente, mais comum em idosos. Também é um dos instrumentos que permite classificar o paciente nos estágios pré-clínico ou clínico.
Atendimento gratuito
Com o avanço da obesidade no país, ampliar o acesso a serviços de prevenção tornou-se essencial. Atentas a essa necessidade, redes privadas têm expandido a oferta de atendimentos básicos gratuitos à população.
A rede de farmácias Pague Menos oferece gratuitamente o cálculo do IMC todos os dias e, às quartas-feiras, durante a ação “Quarta da Saúde”, disponibiliza também a avaliação corporal por bioimpedância e o exame de glicemia em unidades que contam com consultórios farmacêuticos.
“Quando levamos serviços de monitoramento para perto da população, reduzimos barreiras e facilitamos o cuidado contínuo”, afirma Socorro Simões, Diretora de Hub de Saúde das Farmácias Pague Menos. “A prevenção precisa ser acessível, frequente e integrada ao dia a dia das pessoas para realmente fazer diferença.”
Fonte: https://guiadafarmacia.com.br/avanco-da-obesidade-no-pais-acende-alerta-para-prevencao/
