A última enquete do Panorama Farmacêutico reforçou o otimismo do setor com os resultados do primeiro semestre de 2022. Mas o avanço no faturamento das farmácias vem acompanhado de uma carona indigesta e que preocupa os empresários – o aumento das despesas.
Dos 1.505 profissionais do segmento que se manifestaram, somente 23% afirmaram que suas empresas tiveram queda ou estagnação na receita. Em contrapartida, 39% revelaram que o faturamento e o volume de vendas registraram ampliação. Porém, outros 38% mencionaram alta na receita, mas também com elevação de custos.
Redes e associativismo puxam faturamento das farmácias
Tanto o grande varejo como o associativismo vêm sendo motores do faturamento das farmácias. O balanço semestral das 26 redes que integram a Abrafarma ainda não está fechado, mas os números de janeiro a maio são uma sinalização positiva.
A receita desse grupo de empresas totalizou R$ 31,17 bilhões no período, índice 15,6% superior ao do mesmo período do ano passado. Entre as categorias com maior evolução percentual estão os medicamentos isentos de prescrição (MIPs), com aumento de 19%. “A crescente preocupação com a imunidade ajuda a explicar a consolidação dos MIPs na lista de compras dos brasileiros. O consumidor assumiu outro patamar de maturidade e claramente demonstra mais aptidão ao autocuidado”, enfatiza Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma. A operação de e-commerce também teve um salto de 34%, movimentando R$ 1,39 bilhão.
As 11 bandeiras da Farmarcas, com crescimento de 32,8%, vêm apostando na expansão orgânica. Os primeiros cinco meses do ano resultaram na abertura de 35 PDVs e outros 130 estão em processo de montagem. “Mais de 80% das lojas são erguidas por empresários que já têm uma farmácia associada. O interior de São Paulo, Paraná e a Bahia concentram boa parte das inaugurações”, observa o diretor geral Paulo Costa.
Efeito dominó dos custos
A consolidação das farmácias com a operação omnichannel solidificou a relevância das distribuidoras locais e regionais, cujo faturamento evolui acima da média das grandes atacadistas.
Mas o suporte do atacado farmacêutico não se limita à distribuição ágil dos produtos do pequeno e médio varejo. A tecnologia reforçou o setor como um hub financeiro do varejo e contribui para inadimplência média abaixo de 1%. As estratégias das distribuidoras incluem a adoção de pedidos eletrônicos e a incorporação de maquininhas de crédito nos PDVs, que permitem a antecipação de recebíveis.
No entanto, o benefício de ser um elo da cadeia farmacêutica pode se transformar em um risco nesse momento, em meio a um cenário que reúne inflação, crise dos combustíveis e turbulências internacionais.
Por um lado, a falta de insumos encarece o processo fabril da indústria, dificultando os prazos e os custos para o atacado. Na outra ponta, os varejistas tendem a ficar mais dependentes da distribuição no aspecto financeiro. “Nosso setor terá que conviver com fretes mais caros e ainda dispor de mais recursos para subsidiar as farmácias, o que gera um efeito dominó nos custos”, acredita o consultor Gílson Coelho.
Nova enquete
A pandemia e as vendas multicanal expuseram limitações na cadeia de suprimentos e dificuldades no gerenciamento do estoque. Mas qual a maior angústia das farmácias brasileiras ao lidar com esse assunto? Queremos saber sua opinião na nova enquete que está no ar.