A importância do conhecimento farmacológico no dia a dia da farmácia

É necessário saber mais sobre epidemiologia, bioestatística e método científico

O farmacêutico e influenciador, André Demambre Bacchi, doutor e mestre em ciências fisiológicas, com ênfase em farmacologia, professor e autor de livros, conversou com exclusividade com o Portal Guia da Farmácia sobre a importância da racionalidade científica e do conhecimento farmacológico no dia a dia do farmacêutico.

“Acredito que meu trabalho tenha alguns focos principais. O primeiro diz respeito à alfabetização científica e à promoção do pensamento crítico e científico, independentemente da formação de cada um. Tento sempre promover algumas reflexões nesse sentido. Um outro foco, mais direcionado a profissionais de saúde, consiste no aprofundamento do pensamento científico e na tentativa de descomplicar e desmistificar para o meu público conceitos e questões relacionadas à farmacologia, psicofarmacologia e toxicologia (principalmente voltada a drogas e medicamentos), sempre tentando integrar isso com a epidemiologia, bioestatística e às práticas baseadas em evidência”, explica Bacchi, destacando que a principal mensagem que tenta transmitir é a de que os farmacêuticos precisam de racionalidade científica, além do conhecimento farmacológico, para os orientar nas tomadas de decisões em saúde, relacionadas a intervenções medicamentosas.

“A farmácia é uma área profissional importantíssima que compreende uma série de funções e que, entre elas, possui um grande foco em uma das ferramentas mais importantes para intervenções de saúde: o medicamento. Isso faz com o que o profissional farmacêutico seja o mais preparado para falar sobre medicamentos e tenha conhecimento suficiente para integrar isso com as demais áreas da saúde. Nesse sentido, as tecnologias e a pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos, testes diagnósticos, vacinas, etc., representam um processo contínuo de progresso e evolução na área da saúde e nas opções de cuidado ao paciente. A evolução do farmacêutico acompanha este percurso”, alerta.

Além disso, ele ressalta que outro ponto importante e que também se aplica aos outros profissionais de saúde, é que é necessário saber mais sobre epidemiologia, bioestatística e método científico. “Na pandemia essa fragilidade da nossa formação foi revelada, desvelando um grande obstáculo a ser superado para que nossa prática seja, de fato, baseada em evidências. Existe ainda a crença, equivocada, de que conhecer farmacologia, mecanismos de ação de fármacos, etc., é suficiente para sabermos se um medicamento funciona ou não ou se deve ou não ser indicado/utilizado. Temos que lembrar que a farmacologia, a fisiologia, fisiopatologia e demais disciplinas que embasam nossa formação básica são compostas por definições e explicações teóricas e hipotéticas que visam gerar hipóteses e ajudar a explicar os efeitos dos fármacos. Porém, muitos se esquecem que o que determina a eficácia de um medicamento são os ensaios clínicos de fase III bem conduzidos, por exemplo. Somente entendendo conceitos epidemiológicos e estatísticos como este, somado aos conhecimentos básicos e aplicando isso ao paradigma individual do paciente é que conseguiremos oferecer uma prática profissional baseada em evidências. E esse é o ponto central para orientar boas tomadas de decisões em saúde em nossa área”, alerta o especialista.

Fonte:https://guiadafarmacia.com.br/a-importancia-do-conhecimento-farmacologico-no-dia-a-dia-da-farmacia/

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