Novo tratamento para Alzheimer tem bom resultado, mas efeitos colaterais graves

Teste clínico mostrou uma redução de 35% na deterioração cognitiva; no entanto, gravidade dos efeitos colaterais preocupa


O laboratório americano Eli Lilly anunciou, nesta quarta-feira (3), resultados promissores de seu medicamento experimental contra o Alzheimer, algo que os especialistas qualificaram como “notável”, apesar de alguns pacientes experimentarem efeitos colaterais graves.


O teste clínico, que incluiu 1.200 participantes nos estágios iniciais da doença, mostrou uma redução de 35% na deterioração cognitiva em pacientes tratados com donanemab, segundo um comunicado da empresa.


O Eli Lilly planeja solicitar a aprovação da agência reguladora dos medicamentos nos Estados Unidos, a FDA, este trimestre e em todo o mundo “o mais rápido possível”.

No entanto, o tratamento pode causar efeitos colaterais graves, como edema e hemorragia cerebral. Três participantes do teste morreram.

A análise clínica também mediu a capacidade para realizar tarefas cotidianas, como dirigir, conversar, atividades de lazer e administrar as finanças. Durante 18 meses, os participantes que receberam o tratamento mostraram uma redução de 40% da diminuição de sua capacidade para realizar estas atividades.


Os resultados foram recebidos com entusiasmo por especialistas, que indicaram um ponto de inflexão. “Estes resultados confirmam que estamos entrando na era do tratamento do Alzheimer”, disse Catherine Mummery, do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia de Londres.


Agora será possível “esperar de maneira realista poder tratar e estabilizar uma pessoa com mal de Alzheimer, com uma administração a longo prazo, no lugar de cuidados paliativos e de suporte”, acrescentou.


As pesquisas para o combate ao Alzheimer estiveram estagnadas por décadas.


Mas, recentemente, foram aprovados nos Estados Unidos dois novos tratamentos, desenvolvidos pela farmacêutica japonesa Eisai e a americana Biogen: o Leqembi (cujo ingrediente ativo se chama lecanemab) e o Aduhelm (aducanumab).


A autorização para o aducanumab gerou polêmica porque alguns especialistas indicaram a falta de comprovação de sua eficácia, enquanto o lecanemab foi o primeiro a demostrar uma redução do desgaste cognitivo (em cerca de 27%) durante um teste clínico.


No mal de Alzheimer, duas proteínas fundamentais, tau e beta-amiloide, se acumulam em placas que causam a morte das células cerebrais e levam ao encolhimento do cérebro. Isto provoca perda de memória e uma crescente incapacidade para realizar as tarefas cotidianas.
Assim como o lecanemab, o donanemab é uma terapia de anticorpos dirigida à beta-amiloide.

Especialistas afirmaram que os resultados de ambas as drogas validaram a teoria de que eliminar a beta-amiloide melhora o curso da doença, e que as futuras terapias dirigidas a ambas as proteínas podem ter resultados ainda melhores. O Alzheimer afeta mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo. (AFP)

Fonte:https://www.otempo.com.br/mundo/novo-tratamento-para-alzheimer-tem-bom-resultado-mas-efeitos-colaterais-graves-1.2862281

Compartilhe: